Na sexta-feira, dia 16/05 último, eu publiquei um post que propunha uma reflexão ética — e não partidária — que gerou uma sequência de comentários altamente polarizados, que, infelizmente, desviaram do cerne da questão.
Vale a pena esclarecer: a provocação feita não era sobre ser a favor ou contra este ou aquele governo, mas sim sobre os limites éticos da diplomacia comercial internacioal.
No post eu perguntei se valia a pena o Brasil se colocar como parte do grupo dos ditadores para fins comerciais.
Negociar com regimes autoritários é uma realidade do cenário internacional. Mas há uma diferença fundamental entre fazer negócios e abraçar o ditador enquanto ele massacra populacoes na Ucrânia.
Quando o Brasil, ou qualquer outro país, se posiciona sorridente ao lado de líderes que reprimem liberdades, suprimem a imprensa e invadem territórios soberanos, a pergunta que devemos fazer não é “qual será o lucro?”, mas: qual é o custo ético dessa escolha?
É como aquela situação corporativa em que uma empresa descobre que um fornecedor adota práticas degradantes de trabalho, mas mantém o contrato porque "é barato". Ou quando um gestor tóxico, que humilha pessoas, é mantido no cargo porque "entrega resultados".
A lógica é a mesma: tudo pode ser negociado, inclusive os valores mais fundamentais?
Não se trata de esquerda ou direita. Trata-se de ética — e, sim, ética é um tema profissional. Ela está presente em cada decisão de liderança, em cada contrato assinado, em cada silêncio cúmplice diante de uma injustiça.
Como nos alerta Dante Alighieri, na Divina Comédia:
“Os lugares mais quentes do inferno estão reservados àqueles que, em tempos de crise moral, optam pela neutralidade.”
Portanto, a discussão não é sobre preferências partidárias. É sobre coerência, integridade e responsabilidade pública. Se no mundo corporativo não toleramos práticas antiéticas só porque geram lucro, por que aceitaríamos o mesmo na geopolítica?
Se este debate incomoda, talvez seja porque toca onde mais precisamos pensar: nas contradições entre os princípios que declaramos defender e as alianças que escolhemos sustentar.
E assim, refaço a pergunta o post anterior: a ética é negociável?
Um Abraço do Prof. Marcão.
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